sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Experiência intitulada “PAESPE”

Diz um ditado popular que “as mesmas oportunidades não surgem duas vezes”. Bem, acho que uma delas surgiu para mim, pois tive a oportunidade de conhecer um projeto intitulado Programa de Apoio às Escolas Públicas do Estado de Alagoas (PAESPE). Este projeto é destinado a alunos do 3º ano do ensino médio e tem como finalidade preparar o estudante da escola pública para ingresso em curso superior. O PAESPE é realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e as aulas são ministradas por universitários de diversas áreas, no próprio campus, em Maceió.
Meu primeiro contato ocorreu no ano de 2012. Ao chegar à sala de aula me deparei com uma turma de mais de 50 alunos. Não imaginava que estaria diante de um grupo com tanta “sede” de aprender espanhol e também de passar na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Durante todo meu período escolar, fui aluna da rede pública e sei o quanto é difícil concluir esta fase com sucesso, mas também sei o quanto somos capazes de vencer as limitações que nos são postas. O PAESPE ajuda os alunos a superar algumas dessas limitações. Estar ali naquela sala de aula e passar um pouco de minhas experiências e do meu aprendizado foi sem dúvida um momento enriquecedor.
Conheci estudantes maravilhosos e pude compartilhar com eles diversas alegrias, tristezas, angústias e sonhos. Sonhos que nos conduzem a fazer coisas extraordinárias e superar os desafios do dia a dia. No ano seguinte (2013), estava eu outra vez naquela sala, mas não apenas isso. Estava diante de mais uma oportunidade. Eram alunos ainda mais dedicados e corajosos.
Foram dois anos de muito aprendizado, penso que não apenas para mim, pois como professora de espanhol tento passar o que aprendi para outras pessoas e acredito que o conhecimento transforma e deve ser repassado. Quem sabe, no futuro, eles irão passar seus conhecimentos para mim? Sei que conheci futuros advogados, médicos, dentistas, psicólogos, químicos, físicos, matemáticos, engenheiros, arquitetos, administradores, assistentes sociais, enfermeiros, pedagogos, e por que não professores de espanhol.


Encerramento da turma do PAESPE, em 2012

Encerramento da turma do PAESPE, em 2013

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Além da sala de aula

Quando iniciamos uma nova turma, criamos várias expectativas em relação a nossos alunos e eles em relação a nós. Bem, acho que ambos os lados são surpreendidos, pois conclusões primárias são desfeitas e, com o passar dos dias, vamos descobrindo que nem tudo é o que parece.
Cada turma tem um aspecto próprio, um jeito particular que é definido pelos estudantes que lá estão. Não devemos generalizar, ou seja, não devemos pensar que o plano de aula preparado para uma turma específica irá funcionar com as demais. Talvez algo seja reaproveitado, mas nunca igual a antes.
Conhecer a turma é uma proposta interessante, pois deste modo, não só encontraremos dúvidas generalizadas, mas também encontraremos dificuldades particulares. Cada aluno tem suas limitações e cada um se expressa de uma maneira diferente. É por meio dessas diferentes expressões que vamos reconhecendo qualidades maravilhosas que até aquele momento estavam ocultas em um lugar próprio, no interior de cada pessoa. Isso significa que, a depender do desenvolvimento das aulas, as habilidades dos alunos vão se revelando, juntamente com suas dúvidas.
São habilidades fantásticas que nos levam a descobrir “escritores”, “poetas”, histórias, talentos, vencedores, amigos e principalmente união. Isso mesmo, união.
Quando amamos o que fazemos e quando fazemos de coração, esse sentimento ultrapassa os limites de uma sala de aula. Descobriremos que ensinar e aprender são termos que caminham juntos. A partir daí, a turma que antes era de um jeito próprio, passa a ser uma única turma com o mesmo objetivo, isto é, aprender a língua espanhola.


Alunos que participaram de atividades práticas sobre cultura espanhola

Encerramento da turma básico 3, em 2013.2

O ambiente a seu favor

Como aluna do curso de letras, tive e tenho a oportunidade de estudar com excelentes professores de espanhol. Em muitas aulas, minhas dúvidas foram respondidas através de uma conversa ou através de uma leitura. Nestas leituras, teve um livro que me chamou muita atenção. Este livro intitulado de “¿Cómo ser profesor/a y querer seguir siéndolo?” da escritora Encina Alonso, me fez refletir sobre o meu papel em sala de aula.
Até então não havia parado para pensar sobre esta questão. Chegar a uma sala de aula e passar o conteúdo programado era o principal objetivo, mas algo estava faltando e não sabia o quanto essa falta estava se tornando uma inquietação. Uma inquietação freqüente, pois precisava mudar algo, mudar aquela situação.
Após a leitura, pensei, pensei e cheguei a uma das conclusões mais satisfatórias da minha vida: a rotina nos acomoda e se não soubermos como lidar com ela, seremos professores desanimados e sem vontade de fazer algo novo. O novo sempre nos assusta, é verdade, por isso devemos fazer uma coisa por vez.
Comecei mudando meu modo de ensinar. Passei a usar a tecnologia a meu favor e sempre que possível surpreendi meus alunos com uma aula diferente. Isso não significa que deixei de passar o conteúdo, mas o realizo de uma maneira mais interativa. Conhecer a língua espanhola e sua cultura pode ser algo muito divertido e agradável. Vamos tirar o conteúdo dos livros e expor na sala de aula. As paredes e o quadro negro podem ser ótimos aliados.
Pense por um instante que tudo que fazemos, se o fizermos com amor, será muito bem aproveitado. Um proveito que não é só seu e sim de todos. No final teremos, além do conhecimento, excelentes alunos.

Encerramento da turma básico 2, em 2013
Curiosidades expostas na parede.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Troca de conhecimento

Como professores, sabemos que não é fácil preparar um plano de aula. Levamos horas planejando, pesquisando e pensando como tudo deve fluir. Sabemos que nem sempre tudo funciona como queremos. Quando chegamos à sala de aula, quase sempre somos surpreendidos com alguma pergunta: “professora, o que significa isso ou aquilo?” Somos vistos nestas situações como um “dicionário” que deve ser consultado sempre que houver uma dúvida, e esta deve ser respondida de prontidão.
Quando não soubermos responder, que sejamos sinceros em assumir nosso ponto de vista e, em outro momento, trazer a dúvida respondida. Como professores, vamos descobrindo e lidando com essas situações. Não aprendemos isso sozinhos e nem de um dia para outro.
Não sei de tudo e não quero saber, pois desta forma tomo consciência de que sou capaz de aprender coisas novas e que o novo será transmitido aos meus alunos. A troca de conhecimento é uma via de mão dupla. Sei que esta troca estará sempre funcionando, por isso nunca saberei de tudo.
Planejar uma aula é muito importante, mas acima de tudo temos que observar se o ambiente de sala condiz com o seu planejamento. Observe, ouça e aprenda, não fazemos tudo sozinhos, somos conduzidos por muitas dúvidas e principalmente pela troca de conhecimento.

Encerramento da turma básico 1, em 2012

Primeiro contato

Diz um ditado popular que “a primeira impressão é a que fica”. Bem, acho que ficou mesmo.
O meu primeiro dia em sala de aula, em 2012, foi um grande desafio, pois naquele momento deixaria de ser reconhecida apenas como aluna do curso de letras e passaria a ser chamada de “maestra”, através do Projeto Casas de Cultura no Campus (PCCC) realizado na Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Pude pôr em prática todo o conhecimento teórico que já havia obtido. Acreditava que sabia o suficiente para estar em uma sala de aula. Mas ao longo dos dias fui percebendo que as dúvidas dos meus alunos também eram minhas dúvidas. Cada pergunta que eles me faziam me conduzia a realizar uma pesquisa demorada e cuidadosa. Precisava trazer a resposta, mas não apenas isso, precisava encontrar uma forma de responder de maneira clara e objetiva.
Foram quatros meses incríveis – a primeira turma. Sabia que, assim como eles haviam adquirido novos conhecimentos sobre a língua espanhola, eu também havia aprendido com eles.
O primeiro contato é difícil, mas se soubermos buscar a simplicidade de assumir um erro, saberemos corrigi-lo; se soubermos escutar, também seremos ouvidos; se soubermos falar, seremos contestados e, se soubermos ser aluno, saberemos entender o que angustia nossos alunos.
Estudar uma língua estrangeira (o espanhol) também não é fácil, pois apesar de existir tanta familiaridade com o português, somos surpreendidos com novas descobertas. Estando junto com nossos alunos em busca do novo faremos de cada aula um momento único, cheio de alegrias e de curiosidades.
Encerramento da turma Básico 1, em 2012

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O que é ser professor de espanhol?

Por muitas vezes já me fiz esta pergunta. Quando comecei minha graduação no curso de Letras/Espanhol, na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) tinha uma suave noção de como ser professor. Uma noção primária de quem conhece tão pouco o ensino.
Ao longo desses três anos de curso, buscando minhas respostas, posso dizer com firmeza que ser professor é um aprendizado infinito e proveitoso, e ser professor de espanhol é ainda mais proveitoso, pois aprendemos em dobro.
Aprendemos a cada dia, com cada dúvida de nossos alunos e com nossas próprias dúvidas. Ser professor é um grande desafio. Um desafio que superamos cada vez que entramos em sala de aula. Superamos quando vemos nossos alunos alcançarem novos horizontes e quando são capazes de compartilhar aquilo que aprenderam.
Quando comecei o curso de Letras, tinha certeza de uma coisa: amo a língua espanhola. A partir daí, seria associar este idioma ao ensino. E observo ao longo de todo esse processo de aulas, atividades, provas e diálogos que o ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla, ou seja, juntos não só ensinamos, e sim aprendemos.
Por tantas dúvidas e por tantas curiosidades em estar em sala de aula, tomei a iniciativa de criar esse blog e compartilhar minha experiência como professora de língua estrangeira. Ao mesmo tempo, pretendo mostrar que quando gostamos do que fazemos, somos capazes de mudar conceitos e ainda de transformar uma sala de aula em uma “viagem cultural com destino a países de língua espanhola”.